Como você escolhe as pessoas que trabalham com você, ou para você? Como você escolhe seus amigos? Como você escolhe seu amor? Como você faz escolhas impactantes, em sua vida?
Use a lógica para se aproximar das pessoas e escolher seus projetos. E a lógica, ao contrário do que possa parecer, significa que as melhores pessoas e projetos são os que têm mais paixão, ou os que despertam mais paixão.
Paixão, mesmo que mal direcionada, separa os campeões dos que falham – porque mesmo quando a direção estiver fora do rumo, podemos corrigi-la antes de grandes desastres, mas não podemos criar paixão em uma pessoa-robô, que faz apenas o que mandam fazer.
Paixão, mesmo que exagerada, separa os que amam, dos que gostam – porque os que amam podem aprender a controlar os exageros, e agüentar os difíceis momentos que desanimariam outros, mas aqueles que apenas gostam, largam no meio do caminho, assim que os problemas surgem, e “trocam seis por meia-dúzia”.
Paixão, mesmo que desprovida de base estrutural, separa os sucessos estrondosos dos não-fracassados. Porque para termos sucessos estrondosos, temos que trabalhar naquilo que nos causa paixão nos dias e horários em que todos os outros estão assistindo ao filme predileto, a novela imperdível ou a balada da qual participam todos os amigos.
Mas, para que não haja dúvidas ou interpretações equivocadas, vamos entender como isso funciona:
Para tudo na vida, especialmente as coisas que mais importam, é necessário ter um senso de resiliência enorme. Resiliência é o nome que damos à capacidade de nos mantermos corrigindo o curso da nossa vida, para a direção correta, mesmo quando tudo parece indicar que não vamos agüentar. Resiliência significa que, assim que as forças contra nós diminuem, voltamos para o caminho correto, o mais rápido possível, como se nada tivesse nos parado, em primeiro lugar.
Resiliência é admitir que existam momentos nos quais temos que dar um passo para trás, para darmos dois passos para frente, mais tarde. E, quando aquilo que nos forçou a mudar da rota correta perder energia e deixar de impor suas forças contra nós, retomamos o caminho, como se nada tivesse acontecido, e seguimos em frente, sem “perder o rebolado”, como dizemos em São Paulo.
Resiliência é uma palavra usada, originalmente, em engenharia, e se refere à capacidade de um material em agüentar uma força contrária qualquer, mas, depois que a força diminuir, voltar ao seu estado original, devolvendo a energia acumulada ao ambiente.
Um elástico de escritório, por exemplo, é um tipo de material extremamente resiliente. Quando forçamos, ele estica e prende o que precisamos prender, mas assim que a força deixa de existir, ele volta ao formato original. Um colchão bom é, por definição, extremamente resiliente. Não aparecem “buracos”, quando você se levanta pela manhã.
Mas você tem que ter paixão para ser resiliente. Tem que acreditar no que está fazendo. Santos Dumont fracassou várias vezes, antes do 14Bis levantar vôo. Ele não desistia, porque tinha paixão pelo que fazia. Ele acreditava no que fazia.
Para agüentar o peso dos problemas e, assim que eles cessarem, voltar imediatamente ao curso original, com a mesma força, a mesma vontade e o mesmo empenho, uma pessoa tem que acreditar no que está fazendo.
Você tem que ter paixão para passar pelos “vales das sombras”. Lógica não é emocional e não vai ajudar você a apostar em ganhos emocionais.
Um exército de 100 mil homens, usando a última palavra em tecnologia, pode ser aterrorizado por um grupo de apenas 10 outros, que acreditam no que estão fazendo e são resilientes. Bush está pagando um preço alto, com a vida dos jovens americanos, por nunca ter compreendido essa lição.
Não estou dizendo que aqueles que acreditam estão sempre certos. Na verdade, muitas vezes podem estar errados. Mas quem acredita vale muito mais do que os que apenas “têm interesse” no sucesso da empreitada. Seja uma meta, uma empresa, um casamento ou uma vida.
Isso foi o que John Stuart Mill quis dizer ao afirmar que “Uma pessoa que acredita, vale pela força de 99 outras, que apenas têm interesse".
É mais fácil limitar um cavalo poderoso, para que ele reduza o esforço nos momentos errados e para que ele saiba melhor como se comportar nas pistas de corrida e, assim, ser um campeão, do que transformar um pangaré, que prefere apenas puxar uma carroça, em um campeão nas pistas.
Nem tente fazer isso. É perda de tempo.
Escolha o cavalo que mostra o brilho da crença e da paixão. Escolha trabalhar para alguém que acredite com paixão em suas idéias. Escolha uma equipe que acredite em você e acredite nela mesma. Que tenha paixão pela realização. Escolha alguém que seja apaixonado, ou apaixonada, por você. Apaixone-se por quem tem paixão por você. Apaixone-se por projetos que apaixonam você. Apaixone-se por idéias que atraem você com paixão.
É uma bola de neve. Paixão gera paixão, que provoca mais paixão.
Porque paixão dá energia. Energia dá força. Força garante resiliência. Resiliência leva à realização. Realização permite viver.
Você não estará imune aos fracassos. Ninguém está. Mas, acredite, até mesmo as derrotas, quando acontecerem, serão es-pe-ta-cu-la-res.
E viver uma vida espetacular, já vale por mil vidas dos que não acreditam, dos que não têm paixão, e dos que preferem assistir TV a vida inteira, assistindo a vida de pessoas que, ironicamente, mal têm tempo de ver TV.
Como disse John Stuart Mill, “Uma pessoa que acredita, vale pela força de 99 outras, que apenas têm interesse".
Aldo Novak www.academianovak.com.br
“One person with a belief is equal to a force of 99 who have only interests.” – John Stuart Mill, citado pelo jornal dispach, de Ohio, EUA